terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Lei dos bons costumes

Assim ficou conhecido o "Programa de Resgate de Valores Morais, Sociais, Éticos e Políticos", sancionado cerca de quinze dias atrás pelo governador do Estado do Rio, Sérgio Cabral.  
A lei estabelece, textualmente, que devem ser envolvidos, "diretamente, a comunidade escolar, a família, lideranças comunitárias, empresas públicas e privadas, meios de comunicação, autoridades locais e estaduais, organizações não governamentais e comunidades religiosas".
Gostaria de poder, ao menos por alguns instantes, vislumbrar a realização de algo com essa magnitude: instituir ética e bons costumes assim, por decreto.  Não haveria desigualdade social, nenhuma forma de corrupção, desrespeito...  enfim, teríamos a sociedade ideal, a convivência mais fraterna, a materialização da justiça, da igualdade, da cidadania, do bem comum fartamente distribuído a todos. 
Supondo ser possível colocar em prática, como universalizaremos/padronizaremos bons costumes???  E os valores morais: a quem caberá definir o que é bom/mau, certo/errado???  Para que sociedade, qual grupo social e político??? E mais: a partir de que conceito de educação, de escola, de Estado, de cidadania? 
E, finalmente, respondidas as questões anteriores, surge uma dúvida essencial: com quais profissionais da educação?  Os que aí estão, desprestigiados, mal remunerados e, em sua maioria, insatisfeitos com o descaso a que vêm sendo submetidos durante décadas?
Enquanto leis dessa natureza ocuparem o espaço que deveria ser o de discussão, implementação e viabilização de políticas educacionais sérias, assentadas na ética e na moral, continuaremos praticando nossos "bons costumes", quais sejam: o  de furar filas; pagar para "aliviar" multas; antecipar  atendimento; passar no sinal vermelho; parar os veículos em faixas de pedestres e outros tantos, lamentavelmente tão conhecidos e enraizados entre nós.

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