sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Ciência para o desenvolvimento sustentável global

A importância do conhecimento científico para a redução das desigualdades sociais foi a tônica do VI Fórum Mundial da Ciência (WSF, da sigla em ingês), realizado no Rio de 24 a 27 de novembro. Durante esse período, a capital recebeu mais de 700 pesquisadores e representantes de 120 países. Realizado pela primeira vez fora da Hungria, onde foi criado, o fórum foi uma plataforma de debates sobre as políticas nacionais e internacionais de pesquisa, com o tema a "Ciência para o desenvolvimento sustentável global". A realização do evento na cidade maravilhosa foi parte de uma estratégia para destacar a produção das potências científicas emergentes.(...)

O presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Jacob Palis, agradeceu o papel da FAPERJ como uma das instituições que apoiaram a realização do fórum. Para Palis, as instituições de fomento à ciência, tecnologia e inovação vêm contribuindo, em última instância, para amenizar as desigualdades sociais. “É preciso que estejamos mais empenhados na erradicação da pobreza, sendo a inclusão um fator fundamental para o desenvolvimento sustentável”, assinalou o matemático.(...)

O fórum deixou como legado uma declaração final, com recomendações sobre o futuro da produção científica, divulgada na mesma ocasião. Entre as recomendações aprovadas pelos participantes, estão a cooperação científica internacional e ações nacionais coordenadas para o desenvolvimento sustentável global. "Num sistema global complexo, com interdependências ambientais, econômicas e sociais, o desenvolvimento sustentável só é possível  quando os esforços globais e nacionais são coordenados", diz o texto.

Outra recomendação relaciona-se à educação para a redução das desigualdades e promoção da ciência e inovação global e sustentável. "Proporcionar educação de qualidade em ciência, tecnologia e engenharia deve ser considerada uma prioridade", diz o texto que classifica a educação básica como elemento fundamental da cultura moderna e componente vital da capacidade de um país para competir na economia global.

Nos três dias de conferência, foram discutidos temas de diferentes áreas, desde Amazônia, desenvolvimento sustentável e fontes renováveis de energia até o envelhecimento da população e a redução de riscos de desastres naturais com ajuda da ciência e tecnologia. O encontro foi organizado pela ABC, em parceria com a Academia de Ciências da Hungria, idealizadora e anfitriã de todos os fóruns anteriores, realizados em Budapeste; da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco); do Conselho Internacional para a Ciência; da Associação Americana para o Progresso da Ciência; e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).(...)

O presidente do Fórum Mundial da Ciência e da Academia Húngara de Ciências, József Pálinkás, foi taxativo em relação à abrangência internacional das desigualdades sociais. “Nosso mundo está tragicamente dividido entre aqueles que têm e aqueles que não têm. A necessidade de desenvolvimento econômico e social apresenta desafios bem diferentes nas diferentes partes do mundo. As conquistas científicas coexistem com fortes desigualdades no acesso aos recursos naturais, água e reservas de comida, recursos econômicos e humanos, assistência médica, educação, infraestrutura de pesquisa, e em geral, no acesso aos benefícios resultantes da ciência”, ponderou. E foi além: “A ciência foi e ainda é a principal contribuinte para o desenvolvimento. Mas, para ser honesto, a ciência também contribui para a divisão da acumulação social e econômica. É chegada a hora de contribuir para reduzir essa divisão.”

Durante a cerimônia, houve a entrega do Prêmio Internacional Sultão Qaboos para o Meio Ambiente, concedido pela Unesco. Promovido pelo governo de Omã, ele foi entregue pela ministra da Educação do país árabe, Madiha Al Shibany, com o objetivo de reconhecer a contribuição de indivíduos, institutos ou organizações no gerenciamento ou preservação do meio ambiente, de acordo com as políticas e objetivos da Unesco nesse campo. Os contemplados de 2013 foram a State Forests National Forest Holding, da Polônia, que cuida, preserva e gerencia as florestas públicas polonesas; e a organização de proteção animal Wildlife at Risk, da África do Sul. Os ganhadores receberão US$ 70 mil por seu trabalho, doados pelo sultão de Omã, Qaboos Bin Said. Esta foi a 12ª edição do prêmio, criado em 1989. A diretora-geral da Unesco também entregou o prêmio Kalinga de Divulgação Científica ao professor chinês Xiangyi Li, diretor e cofundador do Museu de Ciência e Tecnologia de Pequim.

O presidente da Hungria, János Áder, participou da solenidade com uma mensagem transmitida por vídeo. Em seu discurso, ele alertou os participantes do fórum com as palavras do Nobel húngaro Dénes Gábour: “Até agora, o homem tem se levantado contra a natureza. Daqui para a frente, ele se levantará contra a sua própria natureza.” 

A Jordânia será o segundo país não europeu a organizar o evento, em 2017, anunciou no domingo o presidente da Academia Húngara de Ciências, József Pálinkás. A edição de 2015 voltará a ocorrer em Budapeste, onde foram celebrados os cinco eventos anteriores, iniciados em 2003.

Débora Matta, in: http://www.faperj.br/boletim_interna.phtml?obj_id=9626

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