A importância do conhecimento científico para a redução das
desigualdades sociais foi a tônica do VI Fórum Mundial da Ciência (WSF,
da sigla em ingês), realizado no Rio de 24 a 27 de novembro. Durante
esse período, a capital recebeu mais de 700 pesquisadores e
representantes de 120 países. Realizado pela primeira vez fora da
Hungria, onde foi criado, o fórum foi uma plataforma de debates sobre as
políticas nacionais e internacionais de pesquisa, com o tema a "Ciência
para o desenvolvimento sustentável global". A realização do evento na
cidade maravilhosa foi parte de uma estratégia para destacar a produção
das potências científicas emergentes.(...)
O presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Jacob Palis,
agradeceu o papel da FAPERJ como uma das instituições que apoiaram a
realização do fórum. Para Palis, as instituições de fomento à ciência,
tecnologia e inovação vêm contribuindo, em última instância, para
amenizar as desigualdades sociais. “É preciso que estejamos mais
empenhados na erradicação da pobreza, sendo a inclusão um fator
fundamental para o desenvolvimento sustentável”, assinalou o matemático.(...)
O fórum deixou como legado uma declaração final, com recomendações sobre
o futuro da produção científica, divulgada na mesma ocasião. Entre as
recomendações aprovadas pelos participantes, estão a cooperação
científica internacional e ações nacionais coordenadas para o
desenvolvimento sustentável global. "Num sistema global complexo, com
interdependências ambientais, econômicas e sociais, o desenvolvimento
sustentável só é possível quando os esforços globais e nacionais são
coordenados", diz o texto.
Outra recomendação relaciona-se à educação para a redução das
desigualdades e promoção da ciência e inovação global e sustentável.
"Proporcionar educação de qualidade em ciência, tecnologia e engenharia
deve ser considerada uma prioridade", diz o texto que classifica a
educação básica como elemento fundamental da cultura moderna e
componente vital da capacidade de um país para competir na economia
global.
Nos três dias de conferência, foram discutidos temas de diferentes
áreas, desde Amazônia, desenvolvimento sustentável e fontes renováveis
de energia até o envelhecimento da população e a redução de riscos de
desastres naturais com ajuda da ciência e tecnologia. O encontro foi
organizado pela ABC, em parceria com a Academia de Ciências da Hungria,
idealizadora e anfitriã de todos os fóruns anteriores, realizados em
Budapeste; da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
a Cultura (Unesco); do Conselho Internacional para a Ciência; da
Associação Americana para o Progresso da Ciência; e da Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).(...)
O
presidente do Fórum Mundial da Ciência e da Academia Húngara de
Ciências, József Pálinkás, foi taxativo em relação à abrangência
internacional das desigualdades sociais. “Nosso mundo está tragicamente
dividido entre aqueles que têm e aqueles que não têm. A necessidade de
desenvolvimento econômico e social apresenta desafios bem diferentes nas
diferentes partes do mundo. As conquistas científicas coexistem com
fortes desigualdades no acesso aos recursos naturais, água e reservas de
comida, recursos econômicos e humanos, assistência médica, educação,
infraestrutura de pesquisa, e em geral, no acesso aos benefícios
resultantes da ciência”, ponderou. E foi além: “A ciência foi e ainda é a
principal contribuinte para o desenvolvimento. Mas, para ser honesto, a
ciência também contribui para a divisão da acumulação social e
econômica. É chegada a hora de contribuir para reduzir essa divisão.”
Durante
a cerimônia, houve a entrega do Prêmio Internacional Sultão Qaboos para
o Meio Ambiente, concedido pela Unesco. Promovido pelo governo de Omã,
ele foi entregue pela ministra da Educação do país árabe, Madiha Al
Shibany, com o objetivo de reconhecer a contribuição de indivíduos,
institutos ou organizações no gerenciamento ou preservação do meio
ambiente, de acordo com as políticas e objetivos da Unesco nesse campo.
Os contemplados de 2013 foram a State Forests National Forest Holding, da Polônia, que cuida, preserva e gerencia as florestas públicas polonesas; e a organização de proteção animal Wildlife at Risk,
da África do Sul. Os ganhadores receberão US$ 70 mil por seu trabalho,
doados pelo sultão de Omã, Qaboos Bin Said. Esta foi a 12ª edição do
prêmio, criado em 1989. A diretora-geral da Unesco também entregou o
prêmio Kalinga de Divulgação Científica ao professor chinês Xiangyi Li,
diretor e cofundador do Museu de Ciência e Tecnologia de Pequim.
O
presidente da Hungria, János Áder, participou da solenidade com uma
mensagem transmitida por vídeo. Em seu discurso, ele alertou os
participantes do fórum com as palavras do Nobel húngaro Dénes Gábour:
“Até agora, o homem tem se levantado contra a natureza. Daqui para
a frente, ele se levantará contra a sua própria natureza.”
A
Jordânia será o segundo país não europeu a organizar o evento, em 2017,
anunciou no domingo o presidente da Academia Húngara de Ciências, József
Pálinkás. A edição de 2015 voltará a ocorrer em Budapeste, onde foram
celebrados os cinco eventos anteriores, iniciados em 2003.
Débora Matta, in: http://www.faperj.br/boletim_interna.phtml?obj_id=9626
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