Este o título da coluna de Walcyr Carrasco, na Revista Época de 26 de maio de 2012. Muito oportuna a reflexão que propõe. E necessária.
É lugar comum ouvirmos (ou falarmos, nós mesmos): "como o tempo está passando depressa!". Ou, ainda: "o dia bem que podia ter mais que 24 horas, não é?"
Para onde vamos com tamanha pressa? Onde estamos deixando de ir com tanta correria? Que paisagens estamos perdendo de avistar, que odores passam despercebidos ao nosso olfato, com todo esse estresse? Que melodias deixam de nos encantar - porque não as percebemos -, com toda confusão em que somos envolvidos e envolvemos?
Queremos fast foods, caixas eletrônicos, mensagens eletrônicas, conversas e comunicações por e-mail, por SMS, tudo aquilo que nos permita agir rápido e ganhar tempo... Pra que, mesmo?? O que pretendemos fazer com o tempo que sobra (caso sobre, de fato, algum)?
"A vida merece tempo para ela". Concordo. Entretanto, não estou muito certa de que sabemos, ainda, o que significam as palavras: tempo; vida (de verdade, não arremedo de); ela/ele (ou seja, o outro). O que me faz lembrar do Pequeno Príncipe, célebre ao falar: "foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante"... Onde está o jardineiro que mora em nós, que precisa de rosas importantes pra cultivar, sob pena de se consumir na solidão que ele próprio constrói?
Bertrand Russell disse: "o tempo que você gosta de perder não é tempo perdido". É provável que esteja faltando a nós, apenas, antes de qualquer outra coisa, reaprender a gostar de perder tempo. Aí, sim, talvez encontremos tanta coisa perdida... A começar por ele, o tempo. Que não para.
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