Começou ontem (4 de julho) e prossegue até domingo, 8 de julho, a 10ª edição da FLIP - Festa Literária Internacional de Paraty.
A FLIP ficou conhecida como um dos maiores eventos literários do mundo, não só pela quantidade e qualidade dos convidados, como pela empolgação e participação do público. A hospitalidade também é importante referência da Feira, que conta com mais de 200 eventos em cinco dias de programação.
Escritores, cineastas, quadrinistas, historiadores, jornalistas e artistas plásticos, estão entre os muitos convidados que circulam pela Feira.
Este ano, o homenageado da FLIP é Carlos Drummond de Andrade, neste ano em que completam 110 anos de seu nascimento.
Mais informações sobre a FLIP, programação, edições anteriores e eventos transmitidos ao vivo, em: http://www.flip.org.br.
Como não poderia deixar de ser, postaremos, para brindá-lo, uma de suas inúmeras e fantásticas produções:
Amar
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela visita e por colaborar conosco! Continue participando!