"(...) Quando eu era adolescente, minhas tias e avós, achando que eu lia demais, profetizavam que eu "não conseguiria marido", pois "os homens não gostam de mulheres muito inteligentes". Hoje, celebro os tempos em que ser inteligente ou ter algum conhecimento não precisa ser escondido pelo arcaico medo de "ficar sozinha". (...) Pois, se além de sermos consideradas seres humanos (nem sempre fomos), hoje podemos votar, estudar, trabalhar, controlar o número de filhos e até escapar de casamentos infelizes, assumimos muito conflito e confusão: os sentimentos humanos continuam os mesmos. Todos queremos dar algum sentido a nossa vida, queremos nos sentir importantes ao menos para alguém, desejamos realizações, mas também aconchego e escuta amorosa. Como conciliamos as mais atávicas e legítimas emoções com as exigências duríssimas de trabalho? (...) Nem sempre temos na vida pessoal ou no trabalho o parceiro que nos entende, apoia e aprecia, em vez de nos lançar vagas ironias ou quem sabe tentar nos boicotar - coisas que aos poucos desaparecem, pois também os homens estão aprendendo esse novo convívio.
"Os homens estão assustados com essa mulher que está surgindo?" , perguntam-me seguidamente, e digo:"Os bobos se assustam, ironizam, procuram nos diminuir; os inteligentes - que são os que nos interessam - hão de gostar de ter no trabalho uma colabora e em casa uma boa parceira, em lugar de uma funcionária ou gueixa aturdida e queixosa". Como resolver tudo isso? Vivendo e enfrentando com alguma grandeza esses novos tempos e essas novas gentes que somos agora.
Lya Luft, Homens, mulheres e poder, em: Revista Veja, 19 de dezembro de 2012, p. 26.
Maravilhoso texto. Para completar o raciocínio indico o texto de Martha Medeiros publicado no último Domingo na Revista "O Globo": O que é ser mulher". Bjs, Nathalia.
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