26 de julho, dia dos avôs e avós, por ser dia de Santa Ana e São Joaquim, avós de Jesus. Khalil Gibran, em seu livro “Jesus, o Filho do Homem” fala de Jesus através de homens e mulheres que fizeram parte de sua passagem entre nós. Selecionamos este texto em que fala através de Ana, mãe de Maria, avó de Jesus. Que a riqueza e a leveza da linguagem possam falar - e alegrar - os corações dos que se dispuserem a ler.
Feliz dia das avós e avôs a todos os netos, netas, vovós e vovôs. Ou seja, a todos nós!!!
ANA, A MÃE DE MARIA
Jesus, o filho de minha filha, nasceu aqui em Nazaré no mês de janeiro. E, na noite em que Jesus nasceu, fomos visitados por homens do oriente. Eram persas que vieram do Esdrelão com as caravanas de midianitas a caminho do Egito. E, por não terem encontrado acomodação na estalagem, buscaram abrigo em nossa casa.
E eu os recebi e disse:
-Minha filha deu à luz um filho esta noite. Decerto me perdoareis caso eu não vos sirva como sói uma anfitriã.
Então eles me agradeceram por dar-lhes abrigo. E depois de cearem, disseram-me:
- Desejaríamos ver o recém-nascido.
Ora, o Filho de Maria era lindo de ver, e ela também era graciosa!
[...]
Mas, ao partirem, falaram comigo:
- “A criança tem apenas um ano de idade; contudo, vimos a luz de nosso Deus em Seus e o sorriso de nosso Deus em Sua boca. “Nós a conclamamos a protegê-lO para que Ele possa proteger-vos a todos.”
Assim dizendo, montaram em seus camelos, e nós não os vimos mais.
Agora Maria não parecia tão jubilosa de seu primogênito, mas maravilhada e surpresa.
Olhava demoradamente o bebê, e voltava o rosto para a janela e punha os olhos no céu distante, como a ver visões.
E havia vales entre seu coração e o meu.
E o menino cresceu de corpo e espírito e Ele era diferente das outras crianças. Era arredio e difícil de controlar e eu não conseguia detê-l’O.
Mas Ele era querido por todos em Nazaré e, em meu coração, eu sabia por quê.
Frequentemente Ele pegava nossa comida para dá-la ao transeunte. E dava a outras crianças os doces que eu Lhe dera, antes de saboreá-los Ele mesmo.
Subia nas árvores do pomar para pegar as frutas, mas nunca para comê-las Ele próprio. [...]
E, às vezes, quando eu O levava para a cama, Ele dizia:
- Diga para minha mãe e para os outros que somente meu corpo dormirá. Minha mente estará com eles até que suas mentes cheguem ao meu amanhecer.
E muitas outras palavras maravilhosas Ele dizia quando menino, mas estou idosa demais para lembrar.
Agora dizem-me que não mais O verei. Mas como posso acreditar no que dizem?
Ainda ouço Seus risos e som de Suas carreiras pela minha casa. E, sempre que beijo as faces de minha filha, Sua fragrância retorna ao meu coração e Seu corpo preenche o espaço entre meus braços.
Mas não é bastante estranho que minha filha não me fale de seu primogênito?
Às vezes parece que minhas saudades d’Ele são maiores do que as dela. Ela passa os dias firme como se fosse uma imagem de bronze, enquanto meu coração se derrete e flui como riachos.
Talvez ela saiba o que não sei. Quisera eu que ela me contasse também.
(Gibran Khalil Gibran)
(Gibran Khalil Gibran)
Nossa...
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