Que a falta de diálogo não sepulte a esperança

     Depois de duas semanas sem postar nada aqui, lamentavelmente venho falar, mais uma vez, da greve nas universidades públicas federais.  Em que pese o impacto na vida de inúmeras famílias, no sonho de ingressar numa universidade (suspenso provisoriamente, com matrículas paradas), no compromisso de milhares de servidores desejosos de prestar serviço de qualidade ao povo desta nação (em particular, no nosso caso, uma educação de qualidade, base incontestável para o nosso crescimento e autonomia econômica e tecnológica), o governo segue - ou melhor, prossegue - com propostas inaceitáveis, acochambrantes e ainda, a presidenta Dilma, lamentavelmente, se pronunciou em Rio Pardo, Minas, dizendo que o compromisso do seu governo é com a "população mais frágil, que não tem estabilidade".  Que isso, presidenta?   Esta é mais uma estratégia de atacar a greve, legítima e justa, do funcionalismo?  Colocar o restante da  população, os "não estáveis" contra os servidores?  Então o PT, agora, considera os servidores públicos privilegiados pelo simples fato de terem estabilidade, em nome da qual valem todos os desatinos, descumprimento de acordos, propostas esdrúxulas e outros??  

     Técnicos administrativos, professores e estudantes da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais - foram impedidos de chegar próximo ao palanque com as faixas que levaram para saudar à comitiva presidencial.  Entre elas, havia uma que dizia:  “Dilma, não deixe a falta de diálogo sepultar a esperança. Reabra a negociação.” Este, um pedido não somente dos "privilegiados grevistas", mas de todo um contingente que acreditou, militou, sonhou e vibrou com a chegada do PT ao cargo máximo deste país.

Como eleitora do PT, não sem dor faço esta postagem, ainda teimosamente apostando na esperança, como de hábito e, portanto, descrente de que o desfecho para todo este processo seja sepultá-la.

Tomei conhecimento ontem de que a CUT, com mais alguns filiados, pretende protocolar uma representação contra o governo Dilma na OIT (Organização Internacional do Trabalho), com base, entre outros, no decreto nº 7777, de 24 de julho de 2012, no qual Dilma autoriza os ministérios a firmar convênios com Estados e prefeituras para substituir grevistas federais por servidores estaduais e municipais.  Mais uma forma de furar a greve, Dilma?  Sinceramente, se momentos antes alguém levantasse esta possibilidade, de a CUT denunciar o PT junto a OIT, diria que só pode tratar-se de alguém completamente ignorante, recém chegado de algum outro planeta ou galáxia... Se tudo isso for um sonho ruim, por favor, me acordem logo.  Ou acordem o PT.  Ou então, faça um acordo razoável, Dilma.   Que os acordes da boa e necessária esperança de novo se façam ouvir, de norte a sul, desta querida nação brasileira!